terça-feira, 1 de setembro de 2009


As suas tatuagens cobriam 80% de seu corpo. Quem o visse apostava que eram tatuagens de cadeia. Ele preferia que pensassem assim. Todas elas tinham uma história. O “25” era para o dia que o pai havia morrido. As violetas eram a mãe que não deixava de sorrir cada vez que as via em algum lugar. Os três crucifixos eram os três amigos que tinham morrido. Os três pássaros eram os três amigos que tinham sobrevivido. O chalé no peito era a casa de sua avó, onde ele sabia que sempre seria bem recebido. O mundo no centro de suas costas era a fé em algo maior e mais poderoso, independente de como cada religião chamava isso. As correntes que desciam pela perna lembravam-lhe de ter os pés bem firmes no chão. As asas na nuca o obrigavam a sempre sonhar. O “amor” na palma da mão direita era sempre o que ele oferecia quando ia cumprimentar alguém.
O mais engraçado de tudo é que quando as pessoas o viam, o máximo que conseguiam fazer era julgar-lhe. E ele era corajoso por fazê-las. Não por causa da dor da agulha sobre a pele, mas porque ele se arriscava a deixar sua história visível para qualquer um. Mesmo que a maioria não conseguisse enxergar isso.

Um comentário:

Amanda disse...

muito bom esse texto!
pra pessoas que tem preconceito com tatuagens...
nem sabem o significado e ficam julgando, bobeira.